Inovação e Compliance: desafios e oportunidades
A inovação permeia o mundo corporativo atual e constitui elemento fundamental para a manutenção da competividade e sustentabilidade das organizações. Quanto maior a capacidade inovar, maior destaque a empresa terá no mercado e melhores resultados poderão ser alcançados. Importante ressaltar que juntamente com a inovação surge também a probabilidade de ocorrência de situações de riscos e falhas nos processos, que pode expor negativamente as empresas, causando danos reputacionais irreparáveis.
Neste contexto, o Compliance é desafiado a atuar no complexo e acelerado ecossistema tecnológico, em parceria com as áreas de negócios e com a missão de garantir a conformidade no ambiente regulatório.
A inovação está intimamente ligada ao conceito de boas ideias que alteram processos, modificam produtos ou serviços, trazendo novas metodologias e uma gama de melhorias. De acordo com Steve Johnson [1] as boas ideias vêm da necessidade de se criar ou melhorar algo, estas boas ideias têm origem no mesmo lugar das ideias nem tão boas assim, o que as diferencia é o modo como são aplicadas. Para ele, os níveis extraordinários de inovação normalmente não surgem de insigts mágicos ou surtos repentinos de inspiração, pelo contrário surgem da junção de palpites menores, de diversas pessoas, que após um longo processo de maturação podem vir a ser consideradas inovadoras. O estilo de vida multifuncional e altamente conectado em que vivemos atualmente possibilita essa troca de ideias e a junção de palpites parciais, favorecendo o ambiente inovador.
Estamos em uma fase com alto potencial de inovação, existe uma corrida pelo desenvolvimento de novas tecnologias e criação de metodologias revolucionárias, que possam vir a ser consideradas unicórnios[2], empresas que implementam soluções inovadoras para os problemas e dores do dia a dia das pessoas.
O Brasil destaca-se mundialmente pela criação de empresas consideradas unicórnios, de acordo com a Labs (Latin American Business Store)[3] em 2019, nosso país ficou em terceiro lugar, entre os países com maior número de startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais.
Ao mesmo tempo, estamos atuando com a primeira geração de verdadeiros nativos digitais, com lógica hipercognitiva[4], pessoas que não fazem distinção entre presencial e digital, que são pragmáticos, que gostam de trabalhar em comunidades e são capazes de viver múltiplas realidades simultaneamente.
De acordo com o Relatório da Consultoria Mckinsey[5] publicado em Janeiro de 2020, o mercado mudou e as empresas precisam se estar atentas para os aspectos da inovação e para suas pessoas, primordialmente os seus funcionários, os clientes e os investidores.
Nesse ambiente inovador e com pessoas hipercognitivas, o profissional de Compliance tem a oportunidade e o desafio de atuar como business partner[6], ou seja, desempenhar suas atividades em constante sinergia com as áreas de negócios, participando do que está acontecendo fora do ambiente corporativo e internalizando sem burocracia, as melhores práticas em sua organização.
Compliance e inovação devem caminhar juntos, sendo imprescindível que o profissional da área de Compliance tenha uma visão holística do negócio, que conheça os processos internos, as pessoas envolvidas, entendendo os dilemas éticos, ajudando a viabilizar os negócios e cumprindo seu papel de resguardar a organização de eventuais riscos.
Inovação e Compliance são temas indissociáveis!
Referências
[1] JONHSON, Steve. Livro: De onde vem as boas ideias
[2] Unicórnio são startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais.
[3] https://labsnews.com/en/news/business/brazil-ranks-third-in-the-number-of-unicorns-in 2019
[4] https://www.consumidormoderno.com.br/2017/09/22/caracteristicas-fundamentais-geracao-z
[5] https://www.mckinsey.com/industries/consumer-packaged-goods/our-insights/true-gen-generation-
[6] A expressão Business Partner refere-se a um parceiro de negócios, alguém que tem direitos e deveres com a empresa. Sua função principal é promover o alinhamento entre as equipes de recursos humanos e negócios. Isso quer dizer que esse consultor desempenha funções prioritárias para uma boa gestão de pessoas dentro da companhia
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