INOVAÇÃO E COMPLIANCE, UMA VIA DE MÃO DUPLA
Certa vez ouvi a seguinte frase de uma inspiradora advogada com experiência em inovação e empreendedorismo “[…] a inovação não acontece da noite para ao dia. Na verdade, ela faz parte de um processo transformacional e acontece ao longo do tempo para só então ganhar a velocidade necessária”. Complemento com a afirmação de que a inovação é o aspecto principal da evolução humana sem a qual não haveria qualquer marco histórico.
É incrível como as possibilidades de aplicação da Arte de Inovação é abrangente, ou seja, existe no mercado técnicas focadas em Inovação de Produtos, Inovação de Serviços, Inovação direcionada à Modelo de Negócios, Inovação em Estratégias de Marketing, Inovação de Processos e Inovação Organizacional. Isso significa que há um mundo de novas ideias apenas esperando para serem exploradas, garimpadas, moldadas e aplicadas no plano real. Isso é o que grandes empresas vem fazendo nos dias de hoje pois o ato de inovar é para todos, além de ser fundamental para qualquer departamento com o mínimo desejo de atender as necessidades do seu cliente interno. E, acredito eu, não precisaria mencionar que é imprescindível para qualquer empresa que busque sobreviver no atual e futuro competitivo mercado.
A Área de Compliance se depara com os mais variados desafios diários pois a nossa lista de clientes internos é composta por todas as demais áreas funcionais da organização e pela alta administração e participação. Adicionalmente, a participação ativa do Compliance Officer em comitês executivos é essencial para garantir que o modelo de negócio siga em conformidade com as melhores práticas do mercado, e, consequentemente, atenda aos melhores interesses de seus stakeholders.
Por esta razão, a Área de Compliance precisa ser dinâmica e adotar metodologias ágeis para garantir que seja funcional e efetiva. Desafiador, não acha? Bom, tenho certeza de que sua resposta foi um imenso e sonoro “SIM”.
O programa de compliance é composto por diversos pilares que precisam funcionar de forma harmônica para que atenda sua finalidade, porém não é possível alcançar este objetivo se a comunicação não for clara, acessível e os processos desenhados de forma personalizada para atender o seu público-alvo. Sabemos que um modelo de Programa de Compliance não se aplica a todas as empresas, mesmo que o mercado de atuação seja o mesmo.
Bom, é sabido que “não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”.
Logo a figura do Compliance Officer precisa estar atenta a fatores determinantes para que os pilares de seu Programa de Compliance sejam construídos pensando no atual e futuro cenário econômico, cultural e as principais tendências do mercado de forma a mapear adequadamente os riscos inerentes e definir as medidas de mitigação de riscos condizentes para esta “edificação” seja, de fato, sólida o suficiente para atender as três linhas de defesa. Assim, torna-se evidente uma necessidade latente que não pode mais ser ignorada, que é a inovação aplicada às metodologias utilizadas para a constituição de um programa de compliance e, propiciam, respectivamente, a disseminação da Cultura de Compliance. É exatamente isso, você não leu errado. “Inovação e Compliance” é uma via de mão dupla que pode trazer resultados surpreendentes.
Como disse no começo deste artigo a inovação não surge de forma abrupta, pelo contrário, ela é gradual. Porém precisa começar de algum lugar e, diante disso, o que mais me chama atenção é que há estudiosos abordando teorias e táticas voltadas para a Inovação de Processos e Inovação Organizacional, duas formas de inovar que podem perfeitamente serem aplicadas na área de Compliance. E, quando empregadas de forma alinhada com outras estratégias podem resultar no desenvolvimento de projetos e processos inteligentes com garantia de sucesso.
Diante dessa conjuntura e de forma bastante resumida: 1. As etapas que precede a instituição de um Programa de Compliance nada mais é do que “Projeto”; 2. Essas etapas demandam obrigatoriamente uma análise criteriosa do modelo de negócios para o qual aquele programa será desenhado e direcionado; 3. Após a implementação do programa o monitoramento se traduz em um processo constante de “melhoria contínua” para que este continue funcionando de forma eficiente objetivando bons resultados e o cumprimento de seu propósito prático, evitando que tudo não se resuma em papelada e teoria. Dito isso, é necessário relembrar que inovação é diferente de invenção, então o que estamos tratando aqui é sobre a necessidade de fomentar a inovação na implementação e manutenção do programa de compliance. Contudo, é necessário ressaltar que isso não significa altos investimentos em tecnologias, pelo contrário! Pois, se te disseram que para inovar é obrigatório ser uma pessoa altamente criativa e desembolsar uma alta cifra, eu sinto dizer que você caiu em uma armadilha! Inovar significa melhorar algo já existente a partir da união de ideias, trocas de conhecimento, experiência prática no que tange a sua rotina de trabalho, além de diversas rodadas de testes até alcançar um modelo que atenda a necessidade do cliente internos e as novas tendências e velocidade do mercado.
Desta forma, inovar dentro do aspecto das rotinas de compliance significa entender como o mercado se apresenta, como o modelo de negócio da sua empresa funciona, como a cultura organizacional foi moldada e como você, na figura de Compliance Officer, pode fazer para melhorar cada pilar do seu programa de compliance.
Seja você um advogado ou um profissional de Compliance advindo de outras formações, saiba que mentes brilhantes ao redor do globo desenvolveram técnicas habilidosas cujo foco é garantir a criação e desenvolvimento de projetos buscando potencializar a produtividade, permitir a economia de tempo e manter o pensamento inovador.
Técnicas como Design Thinking, alguns princípios de Scrum Master e outros voltados a Metodologias Ágeis podem trazer resultados surpreendentes quando aplicados no processo de criação, implementação e manutenção do programa de compliance.
Feitas tais reflexões, é possível concluir que a área de Compliance deve estar preparada para desenvolver estratégias e abordagens inovadoras para atender não só o avançado do mercado, mas, também, as novas gerações, como por exemplo a “Geração Z”, uma vez que sua forma de pensar e seus novos modelos de negócio demandará o mesmo nível de inovação nas rotinas de compliance para acompanhar tais avanços.
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