Lava-Jato: um divisor de águas?
Até os mais incrédulos já estão sendo obrigados a admitir, que as instituições brasileiras estão mudando. Ouvia-se muito falar que a Ação Penal 470 (Mensalão) foi um avanço, mas que, ao final, as punições não foram “as esperadas”. Muitos já começavam a argumentar no sentido de que não teria havido mudança genuína e sim, que se tratava de um caso isolado, “com motivações políticas”. Porém, tal prognóstico ficou severamente prejudicado com as recentes investigações do escândalo da Petrobrás. Ou seja: pouco tempo após uma investigação e um processo da envergadura do caso do Mensalão, surge nova investigação, a chamada Lava-Jato, o que mostra que o trabalho das instituições brasileiras não foi pontual, e, pelo contrário, aos poucos, começa a se cristalizar a ideia de que podemos estar diante de uma mudança de paradigmas, até porque, à medida que as investigações avançam, parece claro que não se trata de investigação direcionada a prejudicar um partido específico.
Essa mudança tem algumas características muito importantes: primeiro, a ação das instituições passa a ser coordenada e, portanto, muito mais efetiva. Em função disso, as consequências para os investigados também são muito mais sérias e o impacto das investigações já se fazem sentir muito antes mesmo das punições judiciais: as empreiteiras envolvidas no escândalo já perderam contratos vultuosos, perderam o acesso ao crédito e algumas já estão estudando a possibilidade de concordata ou recuperação judicial.
Tudo isso sugere que a Operação Lava-Jato tem a vocação de se tornar um divisor de águas na história brasileira. Será o início de uma era de transparência e ética na política brasileira?
Artigo publicado originalmente no Jornal Zero Hora do Dia 17 de Janeiro de 2015.
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