Os desafios das empresas na Era da Economia Digital

Nunca se ouviu falar tanto em tecnologia como neste período de pandemia e que o nosso novo ‘normal’ não será igual sem a sua presença e agora, mais fortalecida. Em tempos de distanciamento social, pessoas antes não aderente às tecnologias bancárias, por exemplo, foram praticamente ‘obrigadas’ a se utilizar dos serviços; trabalhos ‘home office’ antes não tão bem vistos, hoje, possui maior adesão tanto pelos empregadores quanto pelos seus empregados; reuniões importantes que seu deslocamento demoraria horas ou até dia(s), hoje, foram adaptadas as salas virtuais transpondo fronteiras dentro e fora do país. Todos esses pontos supracitados e acrescido de outras atividades, podemos dizer, grosso modo, estão englobados na economia digital.

Uma definição interessante sobre economia digital, segundo Arnold Souza Cabral em seu livro “Economia Digital. Uma perspectiva estratégia para negócios” e reescrita pelas palavras de Camila Jurigan[1], é o novo modelo de negócio que usa a internet, suas informações e o comércio eletrônico na sociedade para transformar a economia dentro das empresas com efeitos positivos, que agregam valores no âmbito digital, onde o foco da empresa é no cliente a fim de obter resultados econômicos que são frutos dessa interatividade cada vez maior entre empresas e consumidores finais.

Dado sua definição de maneira adequada e clara e, partindo da afirmação desse pequeno resumo, cabe as empresas, por sua vez, serem responsáveis por gerir tais dados do melhor modo, tanto no aspecto do tratamento desses dados, quanto da informação sobre o histórico de seus clientes para atingir de forma mais assertiva suas necessidades.

Quando analisamos o mercado econômico amplamente, percebemos que na maioria dos segmentos existem várias empresas atuantes no mesmo setor, podendo o consumidor escolher qual entidade melhor lhe atende, criando melhor cenário de competitividade.

A partir dessa saudável concorrência, temos um ‘vilão’ que atualmente, está presente em nossos diálogos, notícias, artigos e, recentemente, no Brasil, em nossos tribunais, as chamadas fake news ou, traduzido literalmente para o português, notícias falsas.

A maior delas, que gerou grande repercussão, ocorreu em 2016, na época das eleições presidenciais nos Estados Unidos, onde a empesa Cambridge Analytica foi contratada pelo então candidato, Donald Trump, para assessorar as campanhas, extraiu dados pessoais de usurários do Facebook e, em 09 de janeiro de 2019, declarou-se culpada.[2]

Desde então esse termo vem se destacando, infelizmente, do ponto de vista das empresas, de forma negativa.

Imaginem a hipótese de uma empresa que oferece prestação de serviços e um de seus clientes não se sentiu satisfeito, perante a maioria que só tem elogios e este consumidor, não contente, dissemina ‘inverdades’ sobre os serviços oferecidos nas redes sociais. Houve um estudo na escola de negócios do Massachusetts Institute of Technology (MIT) em parceria com o Twitter e republicado em um sítio eletrônico em 2019 que “as Fake News se espalham 70% mais rápido do que as notícias verdadeiras, principalmente aquelas relacionadas a políticas.[3]

Com a tecnologia cada vez mais ao alcance dos indivíduos, as empresas devem também evitar que suas marcas sejam vinculadas a difamações infundadas, que pode acarretar prejuízos financeiros até incalculáveis.

Outro risco que as fakes podem gerar são vinculados a sua credibilidade. Neste ponto, o responsável da empresa deve estar alinhado com a missão, visão e valores de sua companhia e, sempre que possível, estar em comunicação perante seus stakeholders e a sociedade, evitando qualquer vinculação de sua marca a repúdio de qualquer natureza.

Para embasar estes riscos, um estudo realizado pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – ABERJ e redigida pela revista ‘Época’, houve uma avaliação de 52 empresas nacionais e internacionais no período entre 27 de fevereiro e 04 de abril de 2018, e os principais receios das organizações estavam: danos à reputação da marca (91% dos entrevistados), prejuízos a imagem da empresa (77%), perdas econômicas-financeiras (40%) e credibilidade da companha (40%).[4]

Ante aos pontos citados, podemos ver investimentos cada vez maiores das empresas e até do poder público em especialistas no combate a esse crime, embora não tipificado literalmente no Brasil, e em alguns casos, pode ser caracterizado como crime contra a honra. Uma lacuna que vem sendo discutida no poder legislativo dado a sua consequência sem precedentes para pessoas físicas e jurídicas.

[1] https://blog.ima.sp.gov.br/post/2018/revolucao-digital-e-seu-impacto-na-economia-0 – acesso em 26.07.2020

 

[2] https://exame.com/tecnologia/cambridge-analytica-se-declara-culpada-por-uso-de-dados-do-facebook/ – acesso dia 26.07.2020

[3] https://www.conversaafiada.com.br/politica/professor-do-mit-fake-news-se-espalham-70-mais-rapido-que-as-verdadeiras – acesso dia 26.07.2020

[4] https://epoca.globo.com/brasil/noticia/2018/04/fake-news-preocupam-85-das-empresas-revela-pesquisa.html – acesso dia 26.07.2020

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